Por que você corre?
Em frente à estátua do Calouste Gulbenkian |
Posso ter ido quase todos os dias ao ginásio (academia), mas não tinha ido correr desde que me mudei de casa, e era como se estivesse faltando parte de mim. Vai entender... Hoje saí pra correr sem muitas pretensões, sem uma meta de ritmo, ou de quilometragem. Só queria correr ao redor e conhecer os lugares aonde posso ir. Hoje não havia necessidade de velocidade. Hoje eu queria apreciar a paisagem. E isso é algo que me faz bem enquanto eu corro.
A gente vai correndo e vendo como tudo fica mais perto. E isso é de algum modo meio mágico: a gente poder ir a qualquer parte com nossos próprios pés. Pode parecer besteira, mas já começa aí a sensação de gratidão.
Daí você avista outras pessoas correndo e pensa: não estou sozinha! E é quase como se em silêncio eu dissesse a cada um: "muito bem!" Como quando a gente dirige por uma estrada e vê alguém correndo e dá vontade de dar aquelas buzinadinhas de parabéns e de incentivo. Não sei se compreendem o que eu digo, mas se sim, #tamojunto!
Daí você vai correndo e passa por um lugar lindo que parece um castelinho, cheio de verde lá dentro. É a Fundação Gulbenkian. Você passa pela estátua do seu ídolo que fundou tudo aquilo: Calouste Gulbenkian.
Você sobe escada. Você passa por uma ciclovia lá no alto e logo vê uma placa para um miradouro que você ainda não conhece. Resolve subir e logo avista um monte de verde, e um aqueduto, porque Lisboa é bonita demais.
E como você tinha subido, chega a hora de descer. Você tenta um caminho por outro lado e chega noutra praça verde - que como Lisboa também desce e sobe. Você passa por crianças jogando futebol com seus pais, por donos a passear seus cães, por velhinhos que saem à rua por essas bandas, e jogam xadrez. Você até pensa se a pessoa que criou aquele curta metragem antes do filme do Toy Story não passou por ali também!
Do lado oposto, num banco da praça, um senhor tem um pedaço de pão que oferece às pombas - e uma grande quantidade delas o rodeiam. Alguma lembrança vaga me remeteu ao filme Esqueceram de mim.
Você tá correndo e vai vendo cenas assim. Umas amigas deitadas no meio do mato aproveitam o sol que estava escondido há dias! Um casal de namorados aproveita pra passear depois de dias de correria. Os gajos jogam uma espécie de golfe. E a vida acontece, sem precisar de muitos recursos. Você continua e lá adiante há umas casinhas coloridas, emprestando mais cor ao dia azul. Mais logo encontra um jardim com auditório ao ar livre e ao seu redor há cavalos e cavaleiros de metal, numa arte que foge da mesmice. Depois você chega noutro jardim que é quase quintal da sua casa e a cena da "vida acontecendo com simplicidade" repete-se.
E enquanto você via tudo isso, o suor saía pelos seus poros. Vida. E por isso eu corro. Não corro apenas por todos os benefícios (que já seriam suficientes) que a corrida traz, não corro apenas para testar meus limites e ir um pouco além, não corro apenas pela corrida ela mesma. Corro por tudo isso e mais um pouco do que envolve correr. Porque cada corrida é difernte e especial. Numa você tá do lado dos seus pais, noutra você vê um cachorro entrando no rio e ao sair, chacoalhando seus pêlos para se secar. E ainda tem aquela em que você ouve uma música gostosa e se pega dançando enquanto espera o farol abrir...
Corro porque me sinto viva e vejo vida. Corro porque toda vez que eu corro, eu me lembro de porquê eu corro.
Vocês vêm também?!
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