Para começar, escolhi aquele que me apresentou ao mundo da corrida: José Reynaldo Figueiredo, o meu pai.
José Reynaldo Figueiredo, 55 anos, cirurgião-dentista, diretor técnico da Corpore Brasil, 12 maratonas completadas, mais de 60.000km rodados (1 volta e meia pela Terra)
Pai, quando você começou a correr?
JRF: Sempre gostei de jogar futebol, e para ter uma boa performance, eu vivia correndo. Mas a corrida entrou pra valer na minha vida quando entrei na faculdade. Em São Paulo, eu passei a acompanhar meu irmão Paulo no parque do Ibirapuera, para fazer “teste de cooper” (12min de corrida). Na época, nós dividíamos o Parque do Ibirapuera com carros e motos – algo inimaginável nos dias de hoje. Quando ia para Alfenas - MG, onde estudava, eu fazia treinos pela manhã, antes de ir pra aula. (No final da década de 70, não era comum correr pelas ruas sem um motivo aparente, especialmente no interior de Minas).
E depois da faculdade?
JRF: Bem, eu gostava muito de correr e ia para o Parque do Ibirapuera com um tio que se encontrava com um grupo de corredores, com o qual passei a treinar. Esse grupo foi, posteriormente, chamado de “Ibirapuera meio-dia”, devido ao horário em que treinávamos. Foi com o incentivo deles que corri minha primeira maratona, em 1985, em Santos.
Quais foram as suas maratonas?
JRF: Santos/85, Rio de Janeiro/86, Blumenau/90/91/99, Washington DC/92/93/97, São Paulo/96, San Diego/04, Disney/12, Québec/13.
Qual foi o seu melhor tempo?
JRF: 3h20min, em 1992, em Washington DC (média de 4min45s/km)
E qual foi sua maratona preferida?
JRF: Não tenho uma preferida. A primeira foi especial, apesar de muito sofrida: largamos com 32o C. Em Washington DC fiz meu recorde pessoal. Em San Diego fiz minha inscrição na véspera e corri sem treino específico, mesmo assim foi ótima. Em 2012, uma semana antes eu estava na maca da fisioterapia e não tinha ideia se conseguiria correr, mas acabei fazendo um tempo muito bom. Em Québec, o percurso mais bonito e especial, porque corri do seu lado.
A maratona é a sua prova preferida?
JRF: É a minha distância preferida e por isso eu gostaria de ter corrido mais maratonas.
O que te impediu?
JRF: Contusões, 4 cirurgias no joelho, 1 mestrado e 1 doutorado.
Quais são seus próximos desafios na corrida?
JRF: Já estou com passagem comprada para correr a maratona em Dusseldorf (Alemanha) ao lado do meu filho Lucas (será a primeira dele). Meu treinador, o Marcão, que mora na China, quer que eu vá correr em Xangai no final do ano. Verei se será possível. Agora, para o ano que vem, com 56 anos, a minha meta é correr os 56km da Two Oceans (prova na África do Sul que vai do Oceano Atlântico ao Oeano Índico). Parece uma boa combinação.
Como a corrida influencia a sua vida?
JRF: A corrida é a atividade física mais simples, barata e com resultados mais rápidos para a saúde. É meu tempo de colocar a cabeça em ordem. A corrida melhora minha condição física, me ajudando no trabalho, e é minha terapia. Na verdade, é o meu vício, mas é um “vício do bem”.
Qual a sua opinião a respeito desse “boom” de corredores nas ruas, parques e academias?
JRF: Eu acho que chegou tarde, porque os benefícios da corrida são inúmeros. Eu me admiro com o fato de que isso tenha acontecido apenas agora. Nos Estados Unidos, década de 80, já se estimava que mais de 25 milhões de pessoas corriam regularmente. Ainda não temos nem 10% desse número de corredores, mas é inegável que o número aumentou. Só espero e desejo que isso não fique apenas como um modismo “para postar no facebook”.
Você tem alguma dica para quem gosta de correr?
JRF: Somando-se às dicas de praxe como fazer avaliação médica, controlar a alimentação e saber ouvir o seu corpo, é importante entender a corrida como muito mais do que uma mera atividade física. Ela também é uma tremenda atividade mental, e os benefícios dela advindos não se resumem a uma melhora em alguns minutos no seu tempo. Parafraseando James Fixx, não se preocupe com quantos anos a corrida vai aumentar em sua vida, mas com o quanto de vida ela vai aumentar em seus anos.
Você gostaria de fazer algum comentário final?
JRF: A corrida faz parte da minha
vida. É quase tão importante como o meu trabalho. E fico muito feliz em ter passado isso para minha família, pois assim podemos correr juntos e compartilhar muitas emoções.